Loading [MathJax]/jax/output/SVG/config.js
Descargas
Las rivalidades entre las escuelas estatales en Belém-PA: Un Estado del Arte
Marcelo de Jesus Santos; Livia Sousa da Silva
Marcelo de Jesus Santos; Livia Sousa da Silva
Las rivalidades entre las escuelas estatales en Belém-PA: Un Estado del Arte
As rivalidades entre as escolas estaduais em Belém-PA: um estado da arte
The Rivalries Between State Schools in Belém-PA: A State of the Art
Tavira. Revista electrónica de formación de profesorado en comunicación lingüística y literaria, núm. 29, pp. 1-20, 2024
Universidad de Cádiz
resúmenes
secciones
referencias
imágenes

Resumen: Este estudio investigó las producciones académicas sobre las fiestas cívicas en su intersección con la educación y el engendramiento de la rivalidad entre las escuelas estatales en Belém-PA. Basado en una investigación bibliográfica de tipo estado del conocimiento, el corpus de la investigación consistió en estudios publicados en los Anales de los Congresos de la Sociedad Brasileña de Historia de la Educación (SBHE) y en la Revista Brasileña de Historia de la Educación (RBHE) durante un período de cinco años (2014 - 2018). El tratamiento analítico se realizó a partir de un inventario de estos estudios y su interpretación basada en el Análisis Temático, como proponen Braun y Clarke (2006). Los resultados señalan la ausencia de estudios dedicados a comprender el fenómeno de la Rivalidad, específicamente en el estado de Pará, demostrando así su novedad e importancia, así como la necesidad de fortalecer el campo de la Historia de la Educación en la Región Norte. Los principales resultados de la investigación se derivaron de un inventario organizado con hallazgos, consistiendo en cinco (5) artículos de la Revista Brasileña de Historia de la Educación y cincuenta y dos (52) artículos de los Anales de la Sociedad Brasileña de Historia de la Educación. En ambas bases de datos, ninguno abordó el foco principal de la investigación.

Palabras clave: Rivalidad entre las Escuelas,Fiestas Cívicas,Violencia Escolar.

Resumo: Este estudo investigou as produções acadêmicas acerca das festas cívicas na sua interseção com a educação e o engendramento da rivalidade entre as escolas estaduais em Belém-Pa. A partir de uma pesquisa de natureza bibliográfica, do tipo estado do conhecimento, pelo qual o corpus da pesquisa constituiu-se de estudos publicados nos Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e na Revista Brasileira de História da Educação (RBHE), no período de cinco anos (2014 – 2018), cujo tratamento analítico deu-se a partir do inventário desses estudos, e sua interpretação com base na Análise Temática, conforme propõem Braun e Clarke (2006). Os resultados apontam para a inexistência de estudos que se dediquem à compreensão do fenômeno da Rivalidade, em específico no estado do Pará, demonstrando assim seu ineditismo e importância; assim como da necessidade do fortalecimento do campo da História da Educação na Região Norte. Os principais resultados da pesquisa deram-se a partir de um inventário organizado com achados, sendo de cinco (5) artigos da Revista Brasileira de História da Educação e cinquenta e dois (52) artigos dos Anais da Sociedade Brasileira de História da Educação, sendo que em ambas as bases, nenhum atendeu ao foco principal da pesquisa.

Palavras-chave: Rivalidade entre as Escolas, Festas Cívicas, Violência Escolar.

Abstract: This study investigated the academic productions regarding civic festivals in their intersection with education and the engendering of rivalry between state schools in Belém-PA. Based on bibliographic research of the state-of-the-art type, the research corpus consisted of studies published in the Annals of the Congresses of the Brazilian Society for the History of Education (SBHE) and in the Brazilian Journal of History of Education (RBHE) over a five-year period (2014 – 2018). The analytical treatment was conducted through an inventory of these studies and their interpretation based on Thematic Analysis, as proposed by Braun and Clarke (2006). The results point to the absence of studies dedicated to understanding the phenomenon of Rivalry, specifically in the state of Pará, thus demonstrating its novelty and importance, as well as the need to strengthen the field of History of Education in the Northern Region. The main results of the research stemmed from an organized inventory with findings, consisting of five (5) articles from the Brazilian Journal of History of Education and fifty-two (52) articles from the Annals of the Brazilian Society for the History of Education. In both databases, neither addressed the focus of the research.

Keywords: Rivalry between Schools, Civic Festivals, School Violence.

Carátula del artículo

Cámara Oscura: investigaciones del área

Las rivalidades entre las escuelas estatales en Belém-PA: Un Estado del Arte

As rivalidades entre as escolas estaduais em Belém-PA: um estado da arte

The Rivalries Between State Schools in Belém-PA: A State of the Art

Marcelo de Jesus Santos
Universidade Federal do Pará, Brasil
Livia Sousa da Silva
Universidade Federal do Pará, Brasil
Tavira. Revista electrónica de formación de profesorado en comunicación lingüística y literaria
Universidad de Cádiz, España
ISSN-e: 2792-9035
Periodicidad: Anual
núm. 29, 2024

Recepción: 14 diciembre 2024

Aprobación: 22 diciembre 2024

Publicación: 29 diciembre 2024


1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho representa parte de uma pesquisa maior, o projeto de pesquisa “Reconstruindo memórias sociais acerca da rivalidade entre as escolas em Belém-PA”, que se dedica a entender um fenômeno que é presente no contexto de relações entre escolas da rede estadual em Belém/PA e que ganha visibilidade e força em um momento particular na história da educação no Brasil e que continua crescendo cada vez mais. As rivalidades entre as Escolas persistiram historicamente, sendo uma realidade que é percebida, mas não compreendida. Notadamente caracterizada como violência escolar, já que ainda atualmente percebemos episódios de confrontos, com brigas entre estudantes, utilização de bombas caseiras e apedrejamento de escolas, que geralmente são motivados por provocações de ambos os lados tomados como rivais.

Aponta-se como questão norteadora do estudo, a saber: Quais as interseções entre as festas cívicas escolares com o possível engendramento da rivalidade entre as escolas estaduais em Belém-Pa?

O objetivo geral é investigar as produções acadêmicas acerca das festas cívicas na sua interseção com a educação e o engendramento da rivalidade entre as escolas estaduais em Belém-Pa. E os objetivos Específicos, são: Levantar estudos que se dedicam à compreensão da relação entre as festas cívicas e educação; Identificar as representações atribuídas as festa cívicas escolares no decorrer de nossa história desde a República; Sobrelevar possíveis interseções entre os objetivos e dinâmicas das festas cívicas apontadas nesses estudos, e a tessitura de rivalidades entre escolas.

À vista disso, o artigo se detém nas produções científicas publicadas em duas bases de dados, a fim de identificar trabalhos que se aprofundem nas questões sobre Festas Cívicas escolares e sua relação com a origem das rivalidades entre as escolas. Um período correspondente a cinco anos como delimitação de tempo para identificar o que está/foi sendo discutido acerca da problemática. Aportes acadêmico-científicos que colaborem com a compreensão de uma possível gênese e formas de construção desses contextos de rivalidade.

Dessa forma que, reiteramos nosso objetivo principal com o desenvolvimento desse trabalho, o qual busca constituir um estado do conhecimento a partir das produções científicas em História da Educação, que possivelmente venham a se debruçar sobre o tema das rivalidades entre as escolas no tocante a sua gênese e seu engendramento histórico na interface com os contextos de comemoração cívica.

O presente artigo justifica-se em sua relevância acadêmico-social tanto pela possibilidade de contribuição em diferentes áreas - História da educação, Sociologia da educação e a Psicologia social – o que configura sua solidez interdisciplinar, decorrente de uma caminhada formativa tecida pelo mesmo princípio. Quanto pelo ineditismo de sua proposição, já que a rivalidade entre escolas é uma realidade histórica que nunca teve antes iniciativa de investigação, e que pode, sobremaneira, revelar configurações do fenômeno da violência intrínsecas ao contexto amazônida.

E, ainda porque se anuncia como reflexo, sobretudo, do amadurecimento acadêmico-científico, o qual proporcionou uma percepção mais historicizada do fenômeno, da emergência de estudos acadêmicos mais profundos e detidos do fenômeno da violência a priori como imagem e sentido que se veicula, e do compromisso com a construção de espaços escolares mais humanizados, a fim de estarmos contribuindo com políticas de intervenção à violência escolar que cada vez mais privilegiem a qualidade da educação em nosso Estado e no contexto amazônida, com base no respeito à dignidade humana.

Nesse sentido, propomos a tessitura histórica das rivalidades escolares em Belém-Pa, a partir das redes de sociabilidade, ritualizações e regimes simbólicos e imaginários constituídos nas programações das festas escolares desde o advento da República em nosso país, especialmente no que se refere às festividades da Semana da Pátria, pela qual se propunha a validação de certos valores sociais, tais como: patriotismo, disciplina militarizada, e a juventude com sentido de futuro e progresso; que se articulavam entre as paradas militares, desfiles, programação artística, e disputas diversas entre as escolas estaduais, para que pudessem provar seu valor e o teor de seu amor à pátria e a sua escola, em razão da realização concomitante dos Jogos Estudantis, e do concurso de canto orfeônico.

Acreditamos que a rivalidade entre as escolas acaba por mobilizar, a partir dessa “defesa da escola”, redes de sociabilidade, de confiança, e reforço ainda, de certo senso de pertença. Como nos elucida Oliveira et. al. (2010, p. 115) “a juventude, em conexão com as novas formas de sociabilidade que despontam, incluindo-se aí as expressões de violência, transforma-se em recurso revelador das características e metamorfoses presentes na contemporaneidade”. No que Meira (2009) corrobora, esclarecendo que o sentimento de pertencimento coletivo faz parte do rito enquanto força organizadora e lugar de coesão, pelo que os grupos se protegem das cisões e descontinuidades que lhes ameaçam em sociedade.

Dessa forma que problematizamos a persistência histórica do fenômeno das rivalidades entre as escolas, e justificamos nossa empreitada de pesquisa, pelo amadurecimento acadêmico - científico no campo de estudos sobre a violência escolar, de onde se sobrelevou dinâmicas próprias do contexto belenense e de suas escolas, que uma vez negligenciadas, tomam-nas como naturalizadas, com responsabilização centrada no aluno jovem. Pelo que perdemos em compreensões mais alargadas e historicizadas, que podem contribuir para a produção de conhecimentos novos sobre nossa realidade amazônida.

Apontando-nos a emergência de trabalhos que discutam as singularidades culturais e educacionais amazônidas em suas manifestações narrativo-sociais, de maneira a se fazerem conhecer não só os processos de construção sobre certos fenômenos sociais, como a violência escolar, mas também para inserir a região amazônica, de forma mais contundente no contexto maior das iniciativas de produção de conhecimento.

Assim, dentre um significativo conjunto de questões ainda não investigadas, que afetam os processos educativos e, em especial, a escola na sociedade contemporânea, e a partir de um espectro de abordagens e concepções de todo um campo de estudos sobre a violência escolar, é que reiteramos a pertinência de um estudo que considere as festas cívicas como partícipe da construção de um sentido de sociabilidade entre os jovens escolares do Estado do Pará, o que pode ter contribuído para a arquitetura da rivalidade entre as escolas, problema hoje, notadamente, de violência escolar.

2. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

O artigo é fruto de pesquisa qualitativa de natureza bibliográfica, na modalidade Estado da Arte que segundo Romanowski e Ens (2006, p. 38) se constitui em um “mapeamento que desvende e examine o conhecimento já elaborado e apontem os enfoques, os temas mais pesquisados e as lacunas existentes”. Uma iniciativa em pesquisa que para além de listar produções sobre um mesmo tema, configure-se como esforço analítico e possa contribuir com a compreensão dos caminhos epistemológicos, as abordagens, os resultados já alcançados e ainda perceber a relação entre trabalhos aparentemente descontínuos ou contraditórios, mas que traduzem uma coerência a uma determinada área do conhecimento.

Construímos um corpus de dados pautado no levantamento de textos publicados nos Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e na Revista Brasileira de História da Educação (RBHE) no período de 2014 – 2018.

Pesquisar nas bases de dados da Revista Brasileira de História da Educação (RBHE) e nos anais do Congresso da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) é essencial por várias razões. Essas fontes são repositórios ricos de produções científicas que abordam uma ampla gama de temas relacionados à história da educação no Brasil. A RBHE, por exemplo, promove a circulação do conhecimento e a discussão interdisciplinar sobre problemas históricos e educacionais, contribuindo para um entendimento profundo e diversificado dos fenômenos educativos.

Os anais dos congressos da SBHE, por outro lado, contêm uma vasta quantidade de pesquisas apresentadas em eventos importantes, onde acadêmicos e especialistas discutem e compartilham descobertas recentes sobre a história da educação. Essas fontes permitem acessar estudos que podem revelar interseções entre práticas educacionais históricas, como as festas cívicas, e fenômenos contemporâneos, como a rivalidade entre escolas. Portanto, explorar essas bases de dados é crucial para construir um quadro robusto e bem fundamentado da evolução histórica das práticas educacionais e suas implicações sociais, especialmente no contexto da pesquisa sobre a rivalidade entre escolas em Belém-PA.

O tratamento analítico deu-se a partir da organização, classificação e sistematização dos dados levantados e construção do inventário desses estudos, com base na Análise Temática proposta por Braun e Clarke (2006).

A Análise Temática se constitui enquanto “um método analítico qualitativo [...] flexível para análise de dados qualitativos [...]. que busca [...] identificar, analisar e relatar padrões (temas) dentro dos dados”. Isto possibilitou a alcançar o objetivo de mapear as produções acerca das festas cívicas, observar padrões, ou temas significativos que nos ajudaram a compreender as interseções entre essas festas escolares e a origem da rivalidade entre as escolas estaduais em Belém-PA.

A proposta de Braun e Clarke (2006) se desenvolve a partir de seis passos de interpretação e compreensão dos dados para proceder com a análise temática: 1) Familiarizar-se com os dados, que aqui fora a etapa de levantamento dos trabalhos publicados na Revista e nos Anais da SBHE a partir de descritores que fazem correlação com a pesquisa; 2) Gerar códigos iniciais, visto que, dessa maneira, encaminham-se os dados ao inventário que, segundo Prado e Morais (2011, p. 139), “inventariar os materiais de uma pesquisa, ajuda a organizar a própria pesquisa”, afirmam os autores; 3) Busca Por Temas, inventário que fora norteado a partir da análise dos dados no inventário, dando atenção se ainda havia validação ou não dos códigos, e perceber novos temas que podem não ter sido notados anteriormente; 4) Rever os Temas, aqui a leitura dos códigos e dos temas são realizadas diversas vezes para garantir que não estivesse desconexo um dos outros; 5) Definir e Nomear os Temas, foi o processo de elaboração do Mapa Temático, que sistematiza as informações e proporciona uma visão e compreensão da relação de códigos e temas; e 6) Produção do Relatório que foi a sistematização de todo o processo de análise.

Em relação ao inventário compreendemos como uma metodologia de organização e tratamento de dados, pelo qual nos proporcionou selecionar os estudos mais relevantes ao alcance de nossos objetivos, ao articular informações que se veem dispersas, e reorganizá-las conforme temas recorrentes, o que favoreceu a percepção da constituição de sentidos, conforme nos orienta Prado e Morais (2011).

Inicialmente, procedemos ao inventário de artigos publicados nos Anais dos Congressos da SBHE e na RBHE, a partir dos seguintes descritores: Violência Escolar, Rivalidade entre as Escolas e Festas Cívicas, que são as palavras-chave deste artigo, contudo não obtivemos resultados. Então utilizou-se de descritores que se aproximassem do foco da pesquisa: Cultura Escolar, República e Militarismo.

Posterior ao processo de investigação dos trabalhos publicados nas bases de dados, mencionada anteriormente, avançou-se para o inventário que possibilitou catalogar todos os trabalhos que tivessem aproximação com o objetivo da pesquisa, publicados nas bases de dados em questão, no período correspondente, permitindo sistematizar esses dados e organizando esses achados por: Ano da publicação, nome do autor, título do trabalho, tema e o link de acesso ao trabalho.

Depois do processo de familiarização que foi sobremaneira facilitado pelo investimento em inventariar os trabalhos, alguns pontos passaram a destacar-se por chamarem bastante atenção com o avanço da análise, isso permitiu que fosse possível ampliar o olhar e seguir nos objetivos da pesquisa.

Após o processo de aproximação inicial com os trabalhos publicados nas bases de dados, buscou-se separar os trabalhos que pelos títulos, tinham aproximações com o foco da pesquisa, mas que necessitavam de uma breve leitura para certificar se de fato havia relações antes de inventariá-los. Para esse movimento os trabalhos são apontados como “avaliados” na tabela 1.

Para o processo de levantamento de dados nos Anais dos Congressos da SBHE no qual usamos o período de 2014-2018 e os descritores: Cultura Escolar, República e Militarismo, as primeiras informações apresentadas são dos campos denominados Ano que tanto nos Anais e quanto na Revista BHE foram iniciados em 2014 e finalizado em 2018 o trabalho de busca. O site da Sociedade Brasileira de História da Educação, até setembro de 2020, apresenta Anais somente dos anos 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2011, 2013, 2015, 2016 e 2017. De acordo com o período delimitado nesta pesquisa para o levantamento de dados, o fato de os anos de 2014 e 2018 não apresentar publicações nos Anais, resumiu-se o levantamento e avaliação dos trabalhos dos anos de 2015, 2016 e 2017, como se pode ver na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1
Síntese dos resultados obtidos no Banco de dados Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) – 2014 - 2018

Fonte: Elaboração dos autores.

É importante pontuar que nos Anais dos Congressos da SBHE, no ano de 2015, os títulos foram verificados a partir do sumário da publicação. Enquanto, nos anos de 2016 e 2017, os Anais não estavam mais disponíveis de forma acessível, ou seja, sem o sumário, à vista disso, tornou-se necessário realizar o levantamento de dados nos links (via Google Drive) independentes em que constava cada Eixo Temático dos Anais tornando necessário verificar os trabalhos um por um.

Após a constatação da sua relação com o foco da pesquisa, que se deu a partir de uma breve leitura do resumo desses trabalhos, eles foram inventariados. Nem todos os trabalhos que foram avaliados, foram inventariados, isso porque o apenas os títulos apresentavam uma suposta relação com o foco da pesquisa, mas os seus conteúdos desdobravam-se sobre outras questões.

A etapa de inventariar os trabalhos que tinham relação com o foco da pesquisa permitiu perceber que há um número expressivo de trabalhos concentrados em determinados Estados do país, o que permitiu que gráficos (Figuras 1, 2, 3, 4,5) fossem elaborados para um aprofundamento mais conciso desta questão. Os Gráficos são resultados dos trabalhos inventariados e que apontam o local em que está situado o objeto de pesquisa, seja no título ou no seu resumo. Isto é, nem todos os trabalhos inventariados, compuseram o balanço dos gráficos, pois não acusavam o local do objeto de pesquisa.


Figura 1
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Região - 2015
Fonte: Elaboração dos autores.

Desse modo, o figura 1 apontou que metade (50%) das pesquisas publicadas em 2015 que foram inventariadas por terem proximidade com o título em questão e estão identificando o estado em que se localiza o objeto investigado, concentra-se na região Sudeste, especificamente nos estados de São Paulo (29%), Minas Gerais (29%) e no Rio de Janeiro (14%), como se pode observar no Figura 2.


Figura 2
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Estado - 2015
Fonte: Elaboração dos autores.

O figura 2 apresenta a distribuição dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) por estado no ano de 2015. Esse gráfico fornece uma visualização clara da quantidade de trabalhos submetidos e publicados em cada estado, permitindo identificar quais estados tiveram maior ou menor participação no congresso. Como pode-se observar o estado de São Paulo e Minas despontam com 29% dos trabalhos; seguidos por Rio de Janeiro (14%). Os demais estados aparecem todos com 7% - Pará, Paraná, Cuiabá e Rio Grande do Sul.


Figura 3
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Estado – 2016
Fonte: Elaboração dos autores.

No ano seguinte, em 2016, foram publicados 123 trabalhos divididos em 8 eixos temáticos nos Anais da Sociedade Brasileira de História da Educação. Sendo que 9 trabalhos entraram no inventário e todos encontram-se identificando o estado em que está situado seu objeto de pesquisa. Dessa vez, os figuras 3 e 4 apresenta as pesquisas publicadas em 2016, inventariadas por terem proximidade com título em questão e identificou o estado em que se situa o objeto investigado, um resultado de 100% dos trabalhos concentrados na região Nordeste, especificamente nos estados Rio Grande do Norte (56%), Paraíba (22%), Ceará (11%) e Maranhão (11%).


Figura 4
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Estado – 2017
Fonte: Elaboração dos autores.

E em 2017, figuras 4 e 5, foram publicados 401 trabalhos divididos em 10 eixos temáticos nos Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação. Foram 20 trabalhos que entraram no inventário. Dos trabalhos inventariados, 13 deles identificavam o estado que se situava o objeto de pesquisa. Neste, o gráfico que apresenta as pesquisas publicadas em 2017, inventariadas por terem proximidade com título em questão e identificou o estado em que se situa o objeto investigado, apresenta uma semelhança nos resultados.


Figura 5
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Região – 2017
Fonte: Elaboração dos autores.

Como em 2016, no ano de 2017, a região Nordeste é pioneira com os trabalhos publicados, especificamente nos estados de Sergipe (17%), Pernambuco (8%), Paraíba (8%) e Piauí (8%). A região Norte representa-se pelo Pará (9%) e por Rondônia (8%); a região Centro-Oeste por Goiás (8%) e Mato Grosso (8%); Sudeste por Minas Gerais (9%); e Região Sul, por Rio Grande do Sul (8%) e Santa Catarina (9%).

Notou-se dessa forma que em boa medida os estudos do campo da História da Educação, no que se refere a temática que nos interessa, estão concentrados no Sudeste e Nordeste e em menor expressão nas regiões Sul, Centro Oeste e Norte, muito embora o Norte ainda demonstre representatividade diminuta.

Nos Anais, os dados dos gráficos de 2015, 2016 e 2017 mostram que no estado do Pará foi recorrente o número baixo de trabalhos publicados. Esse fator pode estar atrelado ao contexto histórico dos programas de Pós-Graduação na região Norte que, segundo os autores Alves, Nery e Silva (2019, p. 5) afirmam que: “É sabido que na região Norte a Pós-Graduação em Educação teve início relativamente tardio”. Os autores contextualizam o programa de Pós-Graduação não só na região, como também trazem dados e falas importantes sobre a realidade desses programas no Pará e especificamente em Belém, destacando o PPGED (UFPA) e o PPGED (UEPA).

Segundo os autores, “no Pará, ao todo, são seis os programas de Pós-Graduação no estado. Na UFPA, o programa foi homologado em 2003 e na UEPA, o programa iniciou as atividades em 2005”, asseveram Alves, Nery e Silva (2019, p. 6). Esse início de atividade tardio na Pós-Graduação no estado do Pará torna-se um fator determinante na posição em que ocupam nos gráficos com número baixo de publicações de trabalhos nas bases de dados, levantadas nos últimos anos em relação a outros estados.

Só em 2015, foram publicados 823 trabalhos nos Anais da Sociedade Brasileira de História da Educação. Mas, apenas 23 trabalhos foram inventariados por estarem relacionados com a pesquisa. Dos 23 trabalhos inventariados, 12 identificavam o Estado em que se localizava o objeto de estudo.

Para o levantamento de dados da RBHE, verificou-se os títulos de todos os trabalhos publicados em todos os volumes no período de no período de 2014 a 2018. Os títulos que se relacionavam com os descritores: Violência Escolar, Rivalidade entre as Escolas e Festas Cívicas, também não obtivemos resultados. Então utilizou-se novamente de descritores que se aproximassem do foco da pesquisa: Cultura Escolar, República e Militarismo. Então os trabalhos foram selecionados a fim de compor o inventário, conforme consta na tabela 2 a seguir.

Tabela 2
Síntese dos resultados obtidos em bancos de dados da RBHE – 2014 a 2018

Fonte: Elaboração dos autores.

Na RBHE houve publicações de trabalhos desde 2001 até 2019, cada ano apresentando até 04 volumes publicados. Para nossa pesquisa nesta base de dados, foram avaliados os artigos publicados no período de 2014 até 2018.

Além, do inventário organizamos um mapa temático (ver Figura 1) com os dados do inventário que favorece perceber a relação de temas e códigos, frutos da análise. O processo de idas e vindas na análise é visto como um caminho rico para a pesquisa, segundo Braun e Clarke (2006). Esse movimento permitiu notar que alguns estados, em que os trabalhos publicados estavam situando seus objetos de pesquisa, tinham um padrão de repetições de trabalhos publicados em alguns estados e em outros não, ampliando o olhar da pesquisa. Esses dados constatados a partir da análise do inventário acompanham, também, o que afirmam Silva e Petry (2011, p. 22) sobre analisar os dados cautelosamente: “Dessa maneira, é necessário que se identifiquem informações intrínsecas e extrínsecas ao objeto, e não se registre a informação apenas como aspecto de preservação, o que acaba por reduzir a contribuição do bem”.

Nesta próxima seção, apresentamos uma síntese do levantamento de dados coletados nos Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e na Revista Brasileira de História da Educação (RBHE). O objetivo é examinar como as produções acadêmicas abordam as festas cívicas em interseção com a educação.

3. AS PRODUÇÕES ACADÊMICAS NOS ANAIS DOS CONGRESSOS DA SBHE E NA RBHE ACERCA DAS FESTAS CÍVICAS NA SUA INTERSEÇÃO COM A EDUCAÇÃO

Neste item apresentamos a síntese do levantamento da coleta de dados nos Anais e na Revista.

3.1.As produções acadêmicas na Revista RBHE e dos Anais do Congresso da SBHE

O inventário totaliza 57 trabalhos publicados nas duas bases de dados que se aproximam do foco da pesquisa. 52 trabalhos correspondem aos Anais dos Congressos da SBHE e 05 são da Revista. O inventário organiza esses 57 trabalhos, mas pela delimitação de páginas deste artigo, serão apresentados um quadro e uma tabela sistematizando os dados encontrados, sendo a tabela apenas uma síntese em virtude do inventário que comporta os dados dos Anais ser bastante extenso.

No Quadro 1 consta a pesquisa realizada na Revista Brasileira de História da Educação que apresentou um pequeno de trabalhos inventariados. Em 2014 foram publicados 26 trabalhos, e apenas 01 trabalho foi para o inventário. Em 2015, foram publicados 34 trabalhos e nenhum deles tinham relevância com a pesquisa. Em 2016, com um número um pouco maior de publicações, foram 45 trabalhos e destes, apenas 1 compôs o inventário. Em 2017, o número de publicações ‘caiu’ para 44 e o número de trabalhos relevantes para a pesquisa subiu para 2. E em 2018, o número de publicações ‘sobe’ novamente, agora são 46 trabalhos publicados e apenas 1 entra para o inventário. No total, foram 195 trabalhos publicados no período de 2014 a 2018 e somente 5 tinham relevância com a pesquisa.

Quadro 1
Trabalhos publicados e inventariados da Revista Brasileira de História da Educação - 2014 a 2018

Fonte: Elaboração dos autores.

Do elevado número de textos do inventariado nos Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação, que totalizaram 52 trabalhos, organizamos por Ano, Autor e Título. Em 2015, foram publicados 823, mas somente 23 foram inventariados. Em 2016, menos publicações, foram 123 trabalhos e destes, apenas 09 compôs o inventário. Em 2017, o número de publicações ‘“subiu” para 401 e o número de trabalhos inventariados foram 20.

A Tabela 3 é uma síntese dos achados a que se referem aos trabalhos inventariados somente dos Anais dos Congressos da SBHE.

Tabela 3
Trabalhos publicados e inventariados dos Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação - 2015 a 2017

Fonte: Elaboração dos autores.

O primeiro dado observado a partir do Quadro 1, é que em cinco anos, a partir dos trabalhos inventariados, somente na Revista Brasileira de História da Educação o estado do Pará foi o que mais apresentou trabalhos que se aproximou do foco da pesquisa, com trabalhos em 2014, 2017 e 2018. Depois vem o estado de São Paulo e a cidade de Campinas com apenas um trabalho publicado. O quadro aponta que, nestes cinco anos, questões relacionadas à Educação no período da República são temas privilegiados nos estudos e pesquisas.

Enquanto nos Anais dos Congressos da SBHE, no mesmo período correspondente, um número maior de trabalhos publicados que foram inventariados se apresentam, entretanto, focados além do tema República, também, aparecem Ditadura Militar, Educação Feminina e Patriotismo como mostra o Tabela 3.

Já descritor como Juventude; Rivalidade Escolar; Festas Cívicas e Violência Escolar são tidas com escassez no campo das pesquisas nas duas bases de dados.

3.2.O Mapa Temático

A partir dos dados do inventário, com a finalidade de organizar essas informações, foi construído um Mapa Temático em blocos significativos, composto pelos temas: Modelo Educacional Republicano; Educação, Patriotismo e Civismo; Formação Cívica de Gênero e Ditadura Militar e Educação. Cada tema apresentado é composto por um grupo de códigos que se aproxima. De acordo com Braun e Clarke (2006, p. 4), “um tema contém códigos que tem pontos comuns e um alto grau de generalidade que unifica ideias sobre o assunto investigado”.

Tendo em vista que não houve qualquer trabalho ligado a Rivalidades entre as Escolas, Festas Cívicas, Violência Escolar, procurou-se por descritores que se aproximassem dos códigos dos títulos dos trabalhos publicados. O extrato de dados, segundo Braun e Clarke (2006, p. 7), é: “comentários que levam a códigos e que levarão a temas”.

Palavras que se aproximassem daquilo que se pretendia encontrar passaram a ser o fio condutor que levou aos códigos. Iniciou-se com República, Civismo, Patriotismo, Ditadura, Cultura Escolar etc. O resultado pode ser observado a partir da Figura 6.


Figura 6
Mapa Temático
Fonte: Elaboração dos autores.

O mapa temático permitiu perceber as relações entre códigos que se formalizaram em temas mais abrangentes; de outra forma também possibilitou visualizar as interrelações estabelecidas entre temas que permitiram a compreensão das principais abordagens de pesquisa em torno da problemática levantada; e finalmente demonstra o ineditismo da empreitada a qual se inclinou, qual seja: estudar a história da rivalidade entre as escolas estaduais em Belém-Pa.

Esses temas relacionam-se com o foco da pesquisa, uma vez que o próprio currículo escolar, desde o período republicano, aponta elementos históricos de como a educação é um processo de modelagem civilizatória do cidadão. Esse pensamento atravessa o período Ditatorial, onde a educação é ofertada para as meninas com um objetivo e para os meninos com outro objetivo, mas para ambos, em comum, o sentimento patriótico.

3.2.1. Modelo Educacional Republicano

No mapa temático, o tema “modelo educacional republicano” está composto por códigos como: Ideário Republicano, Modelo Civilizador, Cidadania Moderna, Ideal Civilizatório, Papel Moralizador, Conduta Moral, Processo de Nacionalização, Família, Educação e Fé, Povo Útil, Regenerar, Recristianizar, Restaurar, Controle de Livros, Disciplina da Alma e Melhoramento do Corpo, Modernização, Progresso Social.

Esses códigos permeiam o modelo de educação republicano, sobretudo no espaço escolar, como destaca Vaz (2006, p. 10), “[...] essas festas invadiram o cenário escolar, estando presentes tanto nos espaços físicos das escolas (pátios, salas de aulas), quanto no material didático (cartilhas, manuais, cartazes, etc.), interferindo no cotidiano escolar.”

A escola passa a ser vitrine de um projeto idealizador e patriótico que busca por diversas vias disseminar os valores nacionalistas vigente.

3.2.2. Educação, Patriotismo e Civismo

Na semana da pátria, de forma nada discreta, estudantes eram conduzidos na dinâmica dos desfiles escolares a exaltar a pátria e seu amor em pertencê-la. O esporte é uma peça que se destaca nesse processo de “cativação” do público. Tem espaço nos desfiles com adesões de placas, vestimentas e músicas, como também na programação da semana da pátria com jogos estudantis. O futebol em época de copa do mundo, pela popularidade, era uma peça de destaque nessas programações. Sobre essa adesão, os autores destacam que:

A forma como este e outros temas eram apresentados nas paradas permite-nos afirmar que outro mote utilizado para seduzir e entusiasmar o público era a carnavalização. Os carros alegóricos, o brilho, as fantasias, a grandiloquência de volume e forma dos objetos, as performances das bandas marciais, dentre outros componentes, rompiam a monotonia da cadenciada marcha de soldados com uniformes monocromáticos. A espetacularização da história das conquistas menos ou mais recentes (nos campos econômico, social, esportivo etc.) acrescentava uma vibração lúdica e aprazível àquilo que também era excessivamente disciplinado e ritualizado (França et.al., 2018, p. 152).

Nos códigos:

Defesa da República, Nossa Pátria, Novo Sujeito Social, Atividade Cívico-Patriótica, Higienismo, Plêiade de Jovens, Exercício Físico Obrigatório, Passeio Escolar, Amor a Pátria, Manutenção do país, Símbolos Pátrios, Hino Nacional, Desfiles, Cultuar a Pátria, Doutrina e Modernização das Práticas Educativas, que compõe o bloco temático “Educação, Patriotismo e Civismo”, é notório que esse repertório patriótico converte o populismo de atividades cultuais como compromisso escolar alegando que “A escola tinha o objetivo, além do desenvolvido intelectual dos alunos, contribuir para o seu desenvolvimento físico e moral.” como destaca a autora Silva (2015, p.35).

Quando na verdade serviam como principais divulgadores desse regime e seus valores.

3.2.3. Formação Cívica de Gênero

Ainda que todos os temas do mapa se relacionem dadas as suas composições pelos códigos, alguns pontos são característicos de um processo de formação exclusivo para o público feminino. Os códigos: Educação da Mulher, Figura do lar, Papel da Mulher, Mulheres Exemplar, Papel Moralizador, Conduta Dóceis, Mocinhas, Universo Feminino, Bons Costumes, Doutrina Cristã, Vida Doméstica, submissa ao Esposo e Reconstrução do Universo Feminino, Demarcam o compromisso e os valores da educação ofertada para determinado público.

Silva (2015, p. 53) destaca que “não tem como ter um olhar para as festas enquanto um ato ‘natural e inocente’, ‘desinteressado e imparcial’”. A educação oferecida determinava o papel da mulher em uma posição de fragilidade, quando a do homem era representada por força, bravura e raça. Embora o compromisso fosse um para todos, o amor patriótico, nas entrelinhas nota-se os direcionamentos específicos no papel escolar.

3.2.4. Ditadura Militar e Educação

A escola e os jogos incorporados no desfile como demonstração de pertencimento e amor à pátria mascaram a imposição de um período ditatorial. Para Silva (2015, p. 47) “Com cunho religioso e salvacionista, as festas cívicas foram de suma importância para se compreender a ressonância no universo cultural e na adesão das massas [...]”, ou seja, mecanismo para “suavizar” todo o formato ditador e impositivo eram incorporados nos desfiles.

Os códigos: “Modelo de Comportamento, Futuro do país, Fase de Ouro, Obediência, Formação para o Trabalho, Formação para a Guerra, Caderno de Testes Mentais, Língua Pátria, Ordem, passividade e Fé, Homem Civilizado, Unidade Nacional, Instrução Pré-Militar, Futuro dos Menores e Empreitada Civilizatória” sistematizam as bases que se sustentam esse período e os respingos em que sobre caem na formação escolar.

Os discursos e os jogos de representações num momento de autoritarismo político são acirrados por um clima de tentativa de imposição de ideias e valores, e ganham força despertando imaginários concorrentes, movimentos de ideias, símbolos e discursos que travam um duelo de forças simbólicas em busca de espaço e de poder Vaz (2006,. p.12).

Em síntese, os desfiles escolares se configuram em apresentações que trazem honra o militarismo e amor à pátria, competições acirradas entre as escolas a partir de bandeiras de torcidas organizadas pelos estudantes, gritos de guerra e bandas de fanfarras que explanam o sentimento de orgulho de pertencer a sua escola. Como é salientado por Silva e Silva (2015, p. 5),

as festas cívicas nessa época eram como “espetáculos de poder”, em que além de exaltar o poder do Estado, em momentos de exacerbação autoritária, retratavam os símbolos, costumes e tradições que eram apropriados e reapropriados pela sociedade autocrática.

A citação explica que, durante épocas de autoritarismo exacerbado, as festas cívicas funcionavam como "espetáculos de poder". Essas celebrações exaltavam o poder do Estado e reforçavam símbolos, costumes e tradições apropriados pela sociedade autocrática. Em contextos de regimes autoritários, essas festas eram usadas para consolidar a ideologia estatal, legitimando e reafirmando valores conservadores e patrióticos. Elas atuavam como ferramentas políticas para moldar e influenciar o imaginário coletivo, criando uma imagem idealizada da nação e promovendo a coesão social conforme os interesses do regime.

4. CONCLUSÕES

Ao considerar o levantamento no interstício temporal de 2014 a 2018, nos Anais da SBHE quanto na Revista Brasileira de História da Educação, foi possível concluir que primeiramente, não há qualquer registro acerca de estudos sobre Rivalidade Escolar no Pará ou em outro Estado. De outra forma, tomando os trabalhos que atenderam a descritores aproximados do foco dessa pesquisa, tais como: Cultura Escolar, República e Militarismo, as regiões Nordeste e Sudeste lideraram o número de trabalhos publicados no período em questão. Apontando para uma necessidade premente de estudos que partam da realidade paroara acerca da sua história e dos contextos educativos que possivelmente tenham engendrado relações rivais entre as escolas, de tal forma consolidadas que se desdobram até hoje.

O contexto dos programas de Pós-Graduação na região Norte é um fator determinante que caracteriza a posição do Estado nesse ranking, conforme resultados levantados por Alves, Nery e Silva (2019).

Ao que se refere ao campo da História da Educação, considerando as bases de dados pesquisadas, observou-se que não houve dedicação a estudos sobre Violência Escolar, Festas Cívicas ou Rivalidades entre Escolas, nos últimos anos, no Brasil, com destaque no Norte. Em Belém, poucos pesquisadores aproximaram-se, mas sem entrarem de fato no campo. Na Revista Brasileira de História da Educação, somente nos trabalhos de Morais e Costa (2014), Pereira, Junior e Hayashi (2016), Silva (2017), Costa e Araújo (2017) e Damasceno, Santos e Almeida (2018) notou-se menção aos termos: República, Povo Civilizado, Educação Moderna e Didático-Cívicas.

Em vista disso, o estudo presente contribui com o campo da História da Educação a fim de somar em novos parâmetros que discutam a rivalidade entre as escolas que é notadamente classificada como violência escolar e que tem gênese nas Festas Cívicas. Confirma-se o ineditismo da pesquisa assim como a urgência em tratar sobre essas questões que atravessam gerações, mas que são/é negligenciada.

Material suplementario
Información adicional

NOTAS: 1. Este artigo é parte do projeto de pesquisa “Reconstruindo memórias sociais acerca da rivalidade entre as escolas em Belém-PA” sob a orientação da Prof.ª. Dra. Livia, do Instituto de Ciências da Educação (ICED) da Universidade Federal do Pará (UFPA) no qual desenvolvi o plano de trabalho “Festas cívicas e Educação e suas interseções com a história das rivalidades entre as escolas estaduais em Belém-Pa: um estado da arte” no ano de 2020 e 2021.

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES:: Marcelo de Jesus Santos (Elaboração do manuscrito; Coleta de dados, Discussão dos resultados) e Livia Sousa daSilva (Concepção; Análise de dados, Discussão dos resultados; Revisão e Aprovação)

FINANCIAMENTO.: Esta pesquisa não recebeu nenhum financiamento externo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alves, L. M. S. A., Nery, V. S. C., & Silva, L. S. da. (2019). Cartografia das produções em história da educação nos Programas de Pós-Graduação em Educação no Pará (2005-2018). Revista Brasileira de História da Educação, 19(70), 1-27. https://acortar.link/GmE04d
Braun, V., & Clarke, V. (2006). Usando análise temática em psicologia. https://acortar.link/uNl3Cs
Damasceno, A., Santos, E., & Almeida, K. (2018). Povo civilizado e cidadãos de um país livre: República, educação e cidadania nas prescrições didático-cívicas de Hygino Amanajás. Revista Brasileira de História da Educação, 18, e030. https://acortar.link/njbWjs
França, M. P. S. C. S. A., & Lobato, S., & Nery, V. S. C. (2018). História da educação na Amazônia: múltiplos sujeitos e práticas educativas. CRV
Moraes, F. T., & Costa, R. P. (2014). Educação como sacerdócio: formação de professores no Pará Republicano (1891-1904). Revista Brasileira de História da Educação, 14(3[36]), 111-137. https://acortar.link/wfUcF8
Prado, G. do V. T., & Morais, J. de F. dos. (2011). Inventário – Organizando os Achados de uma Pesquisa. Entre Ver, 1(1), 137-154.
Pereira, M. A., Junior, A. F., & Hayashi, M. C. P. I. (2017). História da educação nas páginas da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Revista Brasileira de História da Educação, 16(3[42]), 59-122. https://acortar.link/bGqX7M
Silva, M. C. C. B. (2015). As festas escolares no Brasil: uma análise a partir da literatura sobre a temática e à luz da teoria crítica. Marília.
Silva, V. L. G. da, & Petry, M. G. (2011). A aventura de inventariar: uma experiência no Museu da Escola Catarinense. Revista Brasileira de História da Educação, 11(1), 19-41.
Silva, E. N. da. (2017). Escola mista na República: um lugar na sombra da história educacional. Revista Brasileira de História da Educação, 17(1[44]), 266-288. https://acortar.link/7jVISi
Silva, M. C. C. B., & Silva, A. C. B. (2015). As festas escolares no Brasil de 1890 até a contemporaneidade: sentidos e perspectivas. São Paulo.
Vaz, A. C. (2006). Escola em tempos de festa: poder, cultura e práticas educativas no Estado Novo (1937-1945). Belo Horizonte.
Notas
Notas
1. Este artigo é parte do projeto de pesquisa “Reconstruindo memórias sociais acerca da rivalidade entre as escolas em Belém-PA” sob a orientação da Prof.ª. Dra. Livia, do Instituto de Ciências da Educação (ICED) da Universidade Federal do Pará (UFPA) no qual desenvolvi o plano de trabalho “Festas cívicas e Educação e suas interseções com a história das rivalidades entre as escolas estaduais em Belém-Pa: um estado da arte” no ano de 2020 e 2021. CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES: Marcelo de Jesus Santos (Elaboração do manuscrito; Coleta de dados, Discussão dos resultados) e Livia Sousa daSilva (Concepção; Análise de dados, Discussão dos resultados; Revisão e Aprovação) FINANCIAMENTO. Esta pesquisa não recebeu nenhum financiamento externo.
Tabela 1
Síntese dos resultados obtidos no Banco de dados Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) – 2014 - 2018

Fonte: Elaboração dos autores.

Figura 1
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Região - 2015
Fonte: Elaboração dos autores.

Figura 2
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Estado - 2015
Fonte: Elaboração dos autores.

Figura 3
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Estado – 2016
Fonte: Elaboração dos autores.

Figura 4
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Estado – 2017
Fonte: Elaboração dos autores.

Figura 5
Representação dos trabalhos inventariados dos Anais dos Congressos da SBHE por Região – 2017
Fonte: Elaboração dos autores.
Tabela 2
Síntese dos resultados obtidos em bancos de dados da RBHE – 2014 a 2018

Fonte: Elaboração dos autores.
Quadro 1
Trabalhos publicados e inventariados da Revista Brasileira de História da Educação - 2014 a 2018

Fonte: Elaboração dos autores.
Tabela 3
Trabalhos publicados e inventariados dos Anais dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação - 2015 a 2017

Fonte: Elaboração dos autores.

Figura 6
Mapa Temático
Fonte: Elaboração dos autores.
Buscar:
Contexto
Descargar
Todas
Imágenes
Modelo de publicación sin fines de lucro para conservar la naturaleza académica y abierta de la comunicación científica
Visor móvil generado a partir de XML-JATS4R