Invasão Biológica na Zona Costeira: Ameaça Ambiental e Perspectivas de Manejo nos Municípios Litorâneos da Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí/RS

Fotografía de la portada: Walter Widmer, Foto ganadora del concurso de fotos de Encogerco.

Descargas

Visitas a la página del resumen del artículo:  700  

DOI

https://doi.org/10.25267/Costas.2023.v.3.i2.06
PlumX

Autores/as

  • Fernanda Carello Collar (BR) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Redacción del artículo)
  • Raquel Pretto (BR) Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Röessler - Brasil. (Redacción del artículo)

Resumen

A invasão biológica é um dos principais fatores de ameaça aos ambientes naturais. As espécies exóticas invasoras geram uma série de impactos sobre as espécies nativas, principalmente àquelas ameaçadas de extinção - as quais são um dos alvos de conservação do Plano de Ação Nacional dos Sistemas Lacustres e Lagunares do Sul do Brasil. Resultado da ação humana, a introdução de espécies exóticas invasoras torna-se mais propícia nas regiões sob grande pressão demográfica e principalmente em áreas degradadas, como as encontradas na zona costeira da Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, região inserida no território de atuação do Plano de Ação e selecionada como área de estudo deste trabalho. O objetivo desta pesquisa foi caracterizar a situação de invasão biológica nessa porção da bacia e identificar iniciativas de manejo e controle dos municípios costeiros, a fim de contribuir com as ações de conservação futuras. Para tal, consultamos a Base de Dados Nacional de Espécies Exóticas Invasoras e os Planos de Manejo de Conflito de Urbanização, Campos Arenosos e Dunas protocolados na FEPAM/RS em busca de dados para os 12 municípios litorâneos da bacia. Encontramos registro de 30 das 100 espécies exóticas invasoras do estado do Rio Grande do Sul, sendo a maioria de espécies vegetais. Só em Tramandaí, um dos municípios mais populosos da região, foram encontradas 21 espécies diferentes. O baixo número de registros nos demais municípios indica uma provável lacuna de informação disponível nas fontes consultadas. Dos nove Planos de Manejo de Dunas consultados, encontramos indicação da presença de espécies exóticas
invasoras e de ações de controle e de recuperação da faixa de dunas em cinco deles, o que denota certo conhecimento quanto ao problema. Porém, observamos que a adoção de um maior esforço de identificação das espécies exóticas invasoras, bem como de uma estratégia mais abrangente, atingindo porções além da faixa de dunas, são necessários para frear o processo de invasão. A sensibilização da comunidade e a integração de seus diferentes setores para uma gestão ambiental conjunta do território permitirá que mais ações sejam adotadas e os objetivos de conservação do PAN Lagoas do Sul sejam alcançados.

Palabras clave


Cómo citar

Carello Collar, F., & Pretto, R. (2023). Invasão Biológica na Zona Costeira: Ameaça Ambiental e Perspectivas de Manejo nos Municípios Litorâneos da Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí/RS. Costas, 4(1), 99–116. https://doi.org/10.25267/Costas.2023.v.3.i2.06

Citas

Referências

AMARAL, A. C., & JABLONSKI, S. 2005. Conservation of Marine and Coastal Biodiversity in Brazil. Conservation Biology, vol.19, n.º 3, pág. 625–631. DOI: 10.1111/j.1523-1739.2005.00692.x.

BASE DE DADOS NACIONAL DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS. Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, Florianópolis - SC. Disponível em: http://bd.institutohorus.org.br. Acesso em 2021.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. 2002. Panorama da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos no Brasil. Secretaria de Biodiversidade e Florestas/Gerência de Biodiversidade Aquática e Recursos Pesqueiros. Brasília: MMA/SBF/GBA. Disponível em: https://www.marinha.mil.br/secirm/sites/www.marinha.mil.br.secirm/files/mma-205_publicacao27072011042233.pdf.

______. 2022. Ministério do Meio Ambiente lança campanha para alertar turistas e pescadores sobre peixe-leão. MMA, Brasília, 11 fev. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/ministerio-do-meio-ambiente-lanca-campanha-para-alertar-turistas-e-pescadores-sobre-peixe-leao. Acesso em abril/2022.

CAMARGO, Y. R. R., et al. 2020. Diagnóstico ambiental do estuário do rio Tramandaí, litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista CEPSUL: Biodiversidade e Conservação Marinha, vol. 9. DOI: 10.37002/revistacepsul.vol9.1625e2020002.

CARBONI, N. et al. 2010. Are some communities of the coastal dune zonation more susceptible to alien plant invasion? Journal of Plant Ecology, vol 3, nº 2, pág. 139 - 147. DOI: 10.1093/jpe/rtp037.

Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica (CDB), 1992 (ECO 92), Rio de Janeiro. Texto da Convenção. Nações Unidas: Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.cbd.int/doc/legal/cbd-en.pdf

DECHOUM, M. et al. 2018. Citizen engagement on the management of non-nativa invasive species: Does it make a difference? Biological Invasions, pág. 1 - 15. DOI: 10.1007/s10530-018-1814-0.

GARCÍA-DÍAZ et al. 2020. Management Policies for Invasive Alien Species: Addressing the Impacts Rather than the Species. BioScience, vol. XX, pág. 1 - 12. DOI: doi:10.1093/biosci/biaa139.

GUREVITCH, J. & PADILLA, D. 2004. Are invasive species a major cause of extinctions? Trends in Ecology and Evolution, vol. 19, n.º 9, pág. 470 - 474. DOI: 10.1016/j.tree.2004.07.005. In: DUEÑAS, N et al. 2021. The threat of invasive species to IUCN-listed critically endangered species: A systematic review. Global Ecology & Conservation, vol. 26, pág. 1-7.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). 2021. Estimativas da população residente com data de referência 1º de julho de 2020. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais. IBGE: Brasil. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/panorama. Acesso em mar. 2022.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. 2018. Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Sistemas Lacustres e Lagunares do Sul do Brasil. Florianópolis: CEPSUL. Disponível em: https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/pan/pan-lagoas-do-sul. Acesso em 2021.

INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE. 2000. IUCN Guidelines for the Prevention of Biodiversity Loss Caused by Alien Invasive Species. Invasive Species Specialist Group (org.). Switzerland: IUCN. Disponível em: https://portals.iucn.org/library/efiles/documents/Rep-2000-052.pdf. Acesso em fev. 2022.

LEÃO, T. et al. 2011. Espécies Exóticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e Políticas Públicas. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste e Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental. Recife, PE. 99 p. Disponível em: http://www.lerf.eco.br/img/publicacoes/2011_12%20Especies%20Exoticas%20Invasoras%20no%20Nordeste%20do%20Brasil.pdf

LUZ, F. 2019. Flora Nativa e Exótica das Dunas Frontais dos Balneários do Município de Osório - Rio Grande do Sul. Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Biológicas, Imbé - Rio Grande do Sul. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/206804.

MEASEY, J. et al. 2019 The world needs BRICS countries to build capacity in invasion science. PLOS Biology, pág. 1 - 7. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pbio.3000404.

MOURA, N. S. V., et al. 2015. A Urbanização na Zona Costeira: Processos Locais e Regionais e as Transformações Ambientais - o caso do Litoral Norte do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência e Natura, Santa Maria, vol. 37, n.42, pág. 594 - 612. DOI: http://dx.doi.org/105902/2179460X1.

PERRINGS, C., MOONEY, H. & WILLIAMSON, M. 2010. Bioinvasions & Globalization - Ecology, Economics, Management, and Policy. In: The Problem of Biological Invasions. 1ª ed., Oxford Scholarship Online, Oxford. pág. 1 -16. DOI:10.1093/acprof:oso/9780199560158.001.0001.

RIO GRANDE DO SUL. Decreto n.º 51.797, de 8 de setembro de 2014. Declara as Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: http://www.al.rs.gov.br/filerepository/replegis/arquivos/dec%2051.797.pdf.

______. Decreto n.º 52.109, de 1 de dezembro de 2014. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: http://www.al.rs.gov.br/filerepository/repLegis/arquivos/DEC%2052.109.pdf.

______. Secretaria do Planejamento, Mobilidade e Desenvolvimento Regional / Fundação de Economia e Estatística (FEE). 2016. Estimativas para a população flutuante do Litoral Norte do RS / Pedro Tonon Zuanazzi, Mariana Bartels. - Porto Alegre: FEE. Disponível em: https://xdocs.com.br/doc/20160711relatorio-populacao-flutuante-do-litoral-norte-loxw3wxvp3nx.

______. Secretaria Estadual de Meio Ambiente. 2013. Reconhece a Lista de Espécies Exóticas Invasoras do Estado do Rio Grande do Sul e demais classificações, estabelece normas de controle e dá outras providências. Portaria n.º 79, de 31 de outubro de 2013. Disponível em: https://www.sema.rs.gov.br/upload/arquivos/201612/23180118-portaria-sema-79-de-2013-especies-exoticas-invasoras-rs.pdf.

_______. 2021. Sistema de Informações Geográficas da Biodiversidade do Rio Grande do Sul (SIGBio-RS). Porto Alegre: SEMA. Disponível em: https://sema.rs.gov.br/sigbio-rs. Acesso em 2021.

ROSA, L. S. & CORDAZZO, C. V. 2007. Perturbações antrópicas na vegetação das Dunas da Praia do Cassino (RS). Cadernos de Ecologia Aquática, vol. 2, n.º 2, pág. 1-12.

SAMPAIO, A. B. & SCHMIDT, I. B. 2013. Espécies exóticas invasoras em unidades de conservação federais do Brasil. Biodiversidade Brasileira Bio-Brasil, vol. 2 (Número Temático: Diagnóstico e Controle de Espécies Exóticas Invasoras em Áreas Protegidas), pág. 32-49.

STEŠEVIĆ, D. et al. 2017. Distribution of alien species along sand dune plant communities zonation. Periodicum Biologorum, vol. 119, n.º 4, pág. 239 - 249. DOI: 10.18054/pb.v119i4.4917.

TABAJARA, L. 2003. Interações onda-praia-duna e manejo das dunas das praias de Atlântida Sul e Mariápolis, RS. Tese (Doutorado) - Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. In: LUZ, F. 2019. Flora Nativa e Exótica das Dunas Frontais dos Balneários do Município de Osório - Rio Grande do Sul. Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Biológicas, Imbé - Rio Grande do Sul. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/206804.

VECCHIO, S., PIZZO, L. & BUFFA, G. 2014. The response of plant community diversity to alien invasion: evidence from a sand dune time series. Biodiversity and Conservation, vol. 24, pág. 371 – 392. DOI: 10.1007/s10531-014-0814-3

ZALBA, S. & ZILLER, S. 2007. Manejo adaptativo de espécies exóticas invasoras: colocando a teoria em prática. Natureza & Conservação, vol. 5, n.º 2, pág. 16 - 22.

ZILLER, S. & ZALBA, S. 2007. Propostas de ação para prevenção e controle de espécies exóticas invasoras. Natureza & Conservação, vol. 5, n.º 2, pág. 8 - 15.

ZENNI, R. & ZILLER, S. 2011. An overview of invasive plants in Brazil. Brazilian Journal of Botany, vol. 34, n.º 3, pág. 431 - 446. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-84042011000300016.