A Compartimentalização Sedimentar de um Estuário do Nordeste Amazônico

Fotografía de la portada: Walter Widmer, Foto ganadora del concurso de fotos de Encogerco.

Downloads

Acessos à página de resumo:  243  

DOI

https://doi.org/10.25267/Costas.2023.v.3.i2.03
PlumX

Autores

Resumo

Os estudos sedimentológicos são a base para entender a contaminação ou a poluição de estuários, uma vez que as características sedimentares são responsáveis por controlar e governar a distribuição de metais e nutrientes no ambiente. Assim, nosso principal objetivo foi avaliar as características sedimentares do estuário do rio Mocajuba com base na dinâmica do depósito de sedimentos (ou seja, granulometria; hidrodinâmica e deposição de conteúdo de matéria orgânica e carbonato de cálcio). O estuário Mocajuba é dominado pela maré e está localizado na costa leste da Amazônia. A análise granulométrica, de cluster e de componentes principais foi realizada para classificar e identificar grupos sedimentares ao longo do estuário. Três grupos e dois ambientes (marinho e estuarinos) foram reconhecidos. O Cluster 1 representa o ambiente marinho localizado na foz do estuário, com predominância de sedimentos arenosos finos. Esse tipo de sedimento é fornecido pela plataforma continental, que forma bancos de areia e ilhas na foz do estuário. O
cluster 3 representa predominantemente o ambiente estuarino e ocupa o estuário acima, com sedimentos finos, maior porcentagem de matéria orgânica (MO) e carbonato de cálcio (CaCO3). O ambiente estuarino apresentou o maior percentual de sedimentos finos devido às grandes planícies de inundação da Amazônia, que possuem alta predominância de sedimentos finos. O estuário apresentou baixos valores de MO, principalmente associados ao sedimento siltosos e argilosos. O estuário de Mocajuba tem pouca influência de efluentes contaminantes e atividades antrópicas, portanto a MO é principalmente de fontes naturais. O carbonato de cálcio associado a partículas finas, MO, e estar localizado em um setor a montante do estuário é um cenário incomum. Normalmente, o CaCO3 é encontrado próximo à costa com sedimentos arenosos. Esta associação de CaCO3 com sedimentos finos confirma que a intrusão de maré atinge grandes distâncias no estuário, desenvolvida devido à hidrodinâmica local - a ação das marés aliada a baixa descarga do rio criando uma condição favorável para este processo.

Palavras-chave


Como Citar

Rodrigues Pereira, D., Sampaio de Siqueira, A., Campos Peixoto, H. J., Costa, M., de Moura Monteiro, S. ., & Rollnic, M. . (2023). A Compartimentalização Sedimentar de um Estuário do Nordeste Amazônico. Costas, 4(1), 39–58. https://doi.org/10.25267/Costas.2023.v.3.i2.03

Referências

Adame, M. F., Kauffman, J. B., Medina, I., Gamboa, J. N., Torres, O., Caamal, J. P., ... & Herrera-Silveira, J. A. (2013). Carbon stocks of tropical coastal wetlands within the karstic landscape of the Mexican Caribbean. PloSone, v. 8, n. 2. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0056569

Asp, N.E., Freitas, P.T.A., Gomes, V.J.C. and Gomes, J.D., 2013. Hydrodynamic overview and seasonal variation of estuaries at the eastern sector of the Amazonian coast. Journal of Coastal Research, Special Issue 65, 1092–1097. https://doi.org/10.2112/SI65-185.1

Bates, C. D., Coxon, P., & Gibbard, P. L. (1978). A new method for the preparation of clay-rich sediment samples for palynological investigation. New phytologist, v. 81, n. 2, p. 459-463. https://nph.onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.1469-8137.1978.tb02651.x

Cunha, D. G. F. & Calijuri, M. do C., 2008. Comparação entre os teores de matéria orgânica e as concentrações de nutrientes e metais pesados no sedimento de dois sistemas lóticos do Vale do Ribeira de Iguape, SP. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 5, n. 2, p. 24 – 40. http://ferramentas.unipinhal.edu.br/engenhariaambiental/viewarticle.php?id=106&locale=en.

Dalrymple, R. W., & Choi, K. 2007. Morphologic and facies trends through the fluvial–marine transition in tide-dominated depositional systems: A schematic framework for environmental and sequence-stratigraphic interpretation. Earth-Science Reviews, v. 81, n. 3-4, p. 135–174. https://doi.org/10.1016/j.earscirev.2006.10.002

Dalrymple, R.W., Zaitlin, B.A., Boyd, R., 1992. Estuarine facies models; conceptual basis and stratigraphic implications. Journal of Sedimentary Research, v. 62, n. 6, p. 1130–1146. https://doi.org/10.1306/D4267A69-2B26-11D7-8648000102C1865D

Flemming, B.W., 2012. Geology, Morphology, and Sedimentology of Estuaries and Coasts, in: Treatise on Estuarine and Coastal Science. pp. 7–38. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-374711-2.00302-8

Folk, R.L., Ward, W.C., 1957. Brazos River bar [Texas]; a study in the significance of grain size parameters. Journal of Sedimentary Research, v. 27, n. 1, p. 3–26. https://doi.org/10.1306/74D70646-2B21-11D7-8648000102C1865D

França, C. F., Silva P. M. A., Neves, S.C.R., 2016. Estrutura paisagística de São João da Ponta, nordeste do Pará. Geografia Ensino & Pesquisa, v. 20, n. 1, p. 130–142. https://doi.org/10.5902/2236499418331

Gomes, J. E. P., 2018. Extensão da intrusão salina no estuário Mocajuba e sua influência nos parâmetros físico-químicos e qualidade da água. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Faculdade de Oceanografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará. https://bdm.ufpa.br:8443/jspui/handle/prefix/1268

Gregório, A.M.S. & Mendes, A.C., 2009. Batimetria e sedimentologia da baía de guajará, Belém, estado do Pará, Brasil. Revista Amazônia: Ciência & Desenvolvimento, v. 5, n. 9, p. 53–72. https://repositorio.museu-goeldi.br/handle/mgoeldi/369

Gruber, N. L. S., Barboza, E. G., Nicolodi, J. L., 2003. Geografia dos sistemas costeiros e oceanográficos: subsídios para gestão integrada da zona costeira. Gravel, n. 1, p. 81–89. http://www.ufrgs.br/gravel/1/Gravel_1_07.pdf.

Kanaya, G., Uehara, T., & Kikuchi, E. (2016). Effects of sedimentary sulfide on community structure, population dynamics, and colonization depth of macrozoobenthos in organic-rich estuarine sediments. Marine Pollution Bulletin, v. 109, n. 1, p. 393-401. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2016.05.043

McNally, W. H. Mehta, A. J. Sediment Transport in Estuaries. In: Isla, F. I.; Iribarne, O. Coastal Zones and Estuaries, 2009, 540 p. ISBN: 978-1-84826-016-0.

Mikutta, R., Kleber, M., Kaiser, K., & Jahn, R., 2005. Organic matter removal from soils using hydrogen peroxide, sodium hypochlorite, and disodium peroxodisulfate. Soil science society of America journal, v. 69, n. 1, p. 120-135. https://doi.org/10.2136/sssaj2005.0120

Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes de Conservação Da Biodiversidade (ICMBio). 2014. Estudo socioambiental referente à proposta de criação de reserva extrativista marinha no município de São Caetano de Odivelas, estado do Pará. 102 p. www.icmbio.gov.br

Moraes, B. C., Costa, J. M. N., Costa, A. C. L., Costa, M. H. Variação espacial e temporal da precipitação no Estado do Pará. Acta Amazonica, Manaus, v. 35, n. 2, p. 207-214, 2005. https://doi.org/10.1590/S0044-59672005000200010.

Nagelkerken, I., 2009. Ecological Connectivity Among Tropical Coastal Ecosystems. Springer, ISBN: 978-90-481-2406-0, 632 p. https://www.eolss.net/sample-chapters/c09/E2-06-01-04.pdf

Nogueira de Souza, G. B.; Miranda Rocha, G.; Vasconcellos, M., 2016. O público e o privado na apropriação do espaço na zona costeira da Amazônia brasileira: o caso da Ilha do Atalaia, estado do Pará. GeoTextos, v. 12, n. 1., p. 105-131. https://doi.org/10.9771/1984-5537geo.v12i1.14607

Noronha T. J. M.; Silva, H. K. P.; Duarte, M. M. M. B., 2011. Avaliação das Concentrações de Metais Pesados em Sedimentos do Estuário do Rio Timbó, Pernambuco - Brasil. Arquivo Ciências do Mar, v. 44, n. 2, p. 70-82. http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/8693/1/2011_art_tjmdenoronha.pdf.

Oliveira, T. de S., Barcellos, R.L., Schettini, C.A.F., Camargo, P.B. de, 2014. Processo sedimentar atual e distribuição da matéria orgânica em um complexo estuarino tropical, Recife, PE, Brasil. Revista Gestão Costeira Integrada, v. 14, n. 3, p. 399–411. https://doi.org/10.5894/rgci470

Pejrup, M., 1988. The Triangular Diagram Used for Classification of Estuarine Sediments: A New Approach, in: Tide-Influenced Sedimentary Environments and Facies. p. 289–300. https://doi.org/10.1007/978-94-015-7762-5_21

Pereira, L. C. C., Dias, J. A., Carmo, J. A., & Polette, M., 2009. A Zona costeira amazônica brasileira. Revista de Gestão Costeira Integrada-Journal of Integrated Coastal Zone Management, v. 9, n. 2, p. 3-7. 10.5894/rgci172

Prandle, D., 2009. Estuaries: dynamics, mixing, sedimentation and morphology. 1st edition. University of Liverpool: Cambridge University Press, 248 p. https://www.cambridge.org/9780521888868

Ramsey III, E. W. & Laine, S. C., 1997. Comparison of Landsat Thematic Mapper and high-resolution photography to identify changes in complex coastal wetlands. Journal of Coastal Research. v. 13, n. 2, p. 281– 292 https://www.jstor.org/stable/4298625?seq=1

Robinson, G. W. 1922. Note on the mechanical analysis of humus soils. The Journal of Agricultural Science, v. 12, n. 03, p. 287. doi:10.1017/s0021859600005347.

Rodrigues, S. W. P., & Souza-Filho, P. W. M., 2011. Use of multi-sensor data to identify and map tropical coastal wetlands in the Amazon of Northern Brazil. Wetlands, v. 31, n. 1, p. 11-23. 10.1007/s13157-010-0135-6.

Rollnic, M., Monteiro, S.M., Rosário, R.P., Costa, M.S., Prestes, Y.O., Silva, I.O., Aquino, R.F.O., Carneiro, A.G., Mascarenhas, A.C.C., Santana, L.S., 2020a. “Aquisição de Dados Oceanográficos”, Capítulo 4. Em: Projeto Costa Norte, – Desenvolvimento de Metodologias para o entendimento de processos costeiros e estuarinos e da vulnerabilidade de florestas de mangue na Margem Equatorial Brasileira. v.2. Rio de Janeiro (BR). http://projetocostanorte.eco.br/relatorio-final

Rollnic, M., Prestes, Y.O., Costa, M.S., Silva, I.O., Santana, L.S., Carneiro, A. G., Mascarenhas, A.C.C., Santos, R.T.F., Böck, C.S., Assad, L.P.F. Landau, L. 2020b. “Processos Costeiros e de Plataforma”, Capítulo 6. Em: Projeto Costa Norte – Desenvolvimento de Metodologias para o entendimento de processos costeiros e estuarinos e da vulnerabilidade de florestas de mangue na Margem Equatorial Brasileira. v.2. Rio de Janeiro (BR). http://projetocostanorte.eco.br/relatorio-final

Son, M.; Hsu, T., 2011. Idealized study on cohesive sediment flux by tidal asymmetry. Environmental Fluid Mechanics, v. 11, n. 2, p. 183-202. https://doi.org/10.1007/s10652-010-9193-9

Souza Filho, P.W.M., 2005. Costa de manguezais de macromaré da amazônia: cenários morfológicos, mapeamento e quantificação de áreas usando dados de sensores remotos. Revista Brasileira de Geofísica, v. 23, n. 3, p. 427–435. https://doi.org/10.1590/S0102-261X2005000400006

Teles, G. C.; Pimentel, M. A. S., 2018. Análise de conflitos sócio-ambientais nas Reservas Extrativistas de São João da Ponta e Curuçá-PA. Geoambiente On-Line, n. 31. https://doi.org/10.5216/revgeoamb.v0i31.48852

Valentin, M. ; Monteiro, S. M. ; Rollnic, M., 2018. The influence of seasonality on haline zones in an Amazonian estuary. Journal of Coastal Research, Special Issue 81, n. 1, p. 76-80. http://dx.doi.org/10.2112/SI85-016.1.

Vasquez, M. L., Sousa, C. D. S., Carvalho, J. M. A. (Orgs.). 2008. Mapa geológico e de Recursos Minerais do estado do Pará, escala 1:1.000.000. Programa Geologia do Brasil (PGB), Integração, Atualização e Difusão de Dados de Geologia do Brasil, Mapas Geológicos Estaduais. CRPM-Serviço Geológico do Brasil, Superintendência Regional de Belém. Disponível em: http://www.cprm.gov.br/publique/media/geologia_basica/cartografia_regional/para.pdf

Vilhena, M. do P. S. P., Costa, M. L., Berrêdo, J. F., Paiva, R. S., Almeida, P. D., 2014. Chemical composition of phytoplankton from the estuaries of Eastern Amazonia. Acta Amazonica, v. 44, n. 4, p. 513–526. https://doi.org/10.1590/1809-4392201305244

Vilhena, M. P. S. P., Costa, M. L., Berredo, J. F., Paiva, R. S., Moreira, M. Z., 2018. The sources and accumulation of sedimentary organic matter in two estuaries in the Brazilian Northern coast. Regional Studies in Marine Science, v. 18, p. 188–196. https://doi.org/10.1016/j.rsma.2017.10.007

Yeager, K. M., Schwehr, K. A., Schindler, K. J., Santschi, P. H., 2018. Sediment accumulation and mixing in the Penobscot River and estuary, Maine. Science of the Total Environment, v. 635, p. 228-239. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2018.04.026