Transexualidade e educação médica: um estudo analítico
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https://doi.org/10.25267/Hachetetepe.2020.i21.6Informação
Resumo
A educação médica requer adaptações curriculares de acordo com as necessidades de saúde articuladas às questões sociais da população brasileira. Para tanto, este estudo teve como objetivo analisar como o tema da transexualidade é abordado no curso de medicina de uma universidade de Santa Catarina, região sul do Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva com dois procedimentos metodológicos: análise documental dos planos pedagógicos do curso de medicina e grupos focais com estudantes de medicina. A análise de conteúdo foi utilizada enfocando os termos: transexualidade, identidade sexual, sexualidade, diversidade, gênero, disfunções psicossexuais, transexualidade e transgênero. Embora o tema esteja presente em alguns planos pedagógicos, sua inserção ainda é incipiente e limitada no processo educacional com ênfase na aprendizagem de habilidades para "usar uma linguagem neutra". As interlocuções nos grupos focais demonstram a importância do compromisso ético para a atuação profissional diante das demandas das pessoas transexuais. No entanto, os/as estudantes identificam práticas cotidianas ligadas a valores morais. Conclui-se que não há uma determinação formal da questão transexual no currículo médico desta universidade, evidenciando a necessidade de qualificar a formação para uma atuação ético-política.
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Copyright (c) 2020 Carlos Alberto Severo Garcia-Jr, Liana Cristina Dalla Vecchia Pereira, Amanda Steil, Jair Josué Laurentino dos Reis, Júlia de Sá Liston, Mariana Andréa de Moura Henicka
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